Se hoje fosse 26 de abril de 1974, um dia após a Revolução dos Cravos, o cenário para as mulheres em Portugal estaria a começar a mudar — mas ainda muito longe da igualdade que conhecemos hoje.
O fim do Estado Novo trouxe uma onda de esperança e promessas de transformação, especialmente para aquelas que, durante décadas, viram os seus direitos reprimidos.
Abaixo, reunimos 10 mudanças e sinais de esperança que começaram a desenhar-se logo no dia seguinte à revolução.
Um olhar sobre o passado que nos lembra o quanto foi conquistado — e a importância de continuar a lutar por igualdade 💜✨
1. Um novo sopro de liberdade de expressão
Durante o regime, escritoras e jornalistas como Maria Teresa Horta e Maria Lamas enfrentaram censura e perseguição.
No entanto, a 26 de abril de 1974, começava-se a sentir a liberdade de dizer o que se pensava — sem medo.
As mulheres podiam finalmente falar sobre desigualdades, escrever, publicar e ocupar o espaço público com as suas ideias.
2. Fim da PIDE: menos medo, mais ativismo
A queda da ditadura significou também o fim da polícia política.
Mulheres como Margarida Tengarrinha, que viveram na clandestinidade, viam agora a possibilidade de participar livremente na política e no ativismo.
Pela primeira vez em muito tempo, ser voz ativa deixava de ser um risco de vida.
3. Igualdade no direito ao voto
Sabias que, até 1974, apenas algumas mulheres podiam votar?
Aquelas com ensino secundário ou superior.
A revolução trouxe consigo a promessa de voto universal, sem distinção de género ou escolaridade.
Um passo gigante para a democracia.
4. Autonomia dentro da família
O Código Civil ainda dizia que o homem era o "chefe de família" e que a mulher precisava de autorização do marido para trabalhar.
Mas a esperança de uma nova Constituição começava a abrir caminho para mais autonomia feminina no casamento, na parentalidade e no trabalho.
5. A esperança de igualdade no trabalho
As mulheres ganhavam menos, tinham menos acesso a empregos qualificados e eram impedidas de trabalhar à noite.
Com a revolução, surgia o desejo de igualdade salarial e de acesso a todas as profissões, sem limitações de género.
6. Educação para todas
Durante décadas, muitas raparigas eram desencorajadas a estudar — o lugar da mulher era em casa.
Mas a 26 de abril de 1974 já se sonhava com educação universal, com mais meninas a entrarem na escola e a chegarem à universidade.
O conhecimento começava, finalmente, a ser visto como um direito.
7. Fim do silêncio sobre os direitos reprodutivos
O aborto era proibido e a contraceção, controlada. O tema era tabu.
Mas com o fim da repressão, surgia uma nova abertura para o debate sobre direitos sexuais e reprodutivos, dando início a um caminho longo — mas necessário.
8. O feminismo deixava de ser um inimigo
Durante o Estado Novo, movimentos como o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas foram desmantelados.
Após o 25 de Abril, grupos feministas reorganizaram-se e puderam finalmente lutar abertamente pela igualdade de género, sem medo de represálias.
9. Mulheres na linha da frente
Apesar da tentativa de as silenciar, muitas mulheres estiveram ativamente envolvidas na resistência.
A 26 de abril, o país via com novos olhos a força dessas mulheres, prontas para participar na reconstrução democrática.
Era o início de uma nova narrativa feminina, mais visível, mais forte, mais presente.
10. A esperança renascia
Talvez o mais importante: o fim do medo e o renascimento da esperança.
Mesmo que muitas leis ainda estivessem por mudar, havia finalmente espaço para imaginar um futuro mais justo, onde as mulheres pudessem ser livres, autónomas e respeitadas.
Porque nunca devemos esquecer
O 25 de Abril não resolveu tudo de um dia para o outro — mas abriu portas.
E a 26 de abril de 1974, pela primeira vez em muito tempo, as mulheres portuguesas puderam respirar fundo e sonhar mais alto.
Muitas das conquistas que temos hoje começaram nesse momento 💜🎀✨
Que nunca nos falte a coragem de continuar esse caminho.
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